terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Popularmente, quando questionamos se uma pessoa tem ou não "consciência de seus atos", na realidade estamos tentando dizer se ela tem ou não "juízo crítico de seus atos", uma qualidade ética, estética e moral da personalidade em sua interação com o sistema cultural de que faz parte.
Consciência quer dizer “faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados, senso de responsabilidade”, entre outros.
Portanto, ao observar os fatos cotidianos: homicídio, seqüestro, guerra, fome, abuso de poder, corrupção, injustiça, etc, é possível concluir que ainda nos falta boa caminhada na direção de se conscientizar acerca do que podemos e devemos fazer ou deixar de lado.
Observamos crianças e adultos serem maltratados nas ruas e dentro das casas. Somos informados de tiroteios que executam militares e civis, de qualquer classe social, raça ou credo. A miséria instala-se de forma crescente e devastadora. Pessoas convivem com a falta de infra-estrutura sanitária e a presença de doenças. Bebês são abandonados sob formas grotescas. Eis alguns exemplos com os quais convivemos.
Ter consciência é mais do que apenas saber a respeito dos problemas existentes, é pensar, sentir e ter o desejo mais íntimo de querer intervir a fim de contribuir.
Dentre os vários conceitos que os pensadores nos deixaram, não existe nenhum outro tão especial quanto os relativos à consciência de ser, e ainda, à maneira como o indivíduo se revela no mundo (estar-no-mundo).
Um está diretamente ligado ao seguinte, pois somos qualificados como homo sapiens, ou seja, o ser que sabe que sabe ,o ser que tem consciência da sua presença dentro do próprio mundo.
O que importa que tenhamos a cada dia, uma consciência clara e nítida de quem estamos sendo na nossa existência individual, para que com isso, possamos a partir desta consciência de si, modificar a nossa maneira de ser no mundo e tenhamos uma perspectiva mais real e nítida de como são as pessoas e as coisas à nossa volta.
Com certeza essa postura diante da vida, poderá enriquecer o nosso cotidiano, tornando-nos pessoas realizadas e plenamente satisfeitas em existir.
Não é nova a comparação entre saber e ter consciência, há dois mil e quatrocentos anos, o filósofo Sócrates afirmava em seus diálogos: “Quem sabe o que é bom acaba fazendo o bem”.
É pelo desenvolvimento da consciência que se alcança o significado daquilo que se pretende.
Outros filósofos também acordaram para o sentido da tomada de consciência:
Aristóteles (384-322 a.C.), destacando a idéia de que a justiça só pode ser praticada de verdade por aquele que é moral internamente, independentemente das leis e códigos externos criados pela sociedade.
Jesus resumiu o que deve ser feito para se conviver: amor e caridade ao próximo. Falta desenvolver a consciência para atingir as alturas proporcionadas pelo respeito e a adequada convivência humana.
Porém sabemos que é preciso ser tocado intimamente para desejar o crescimento da consciência, para optar por atitudes morais, cujos efeitos alimentam e reforçam nossa existência.
Devemos observar mais atentamente o sofrimento das pessoas e colocarmo-nos no lugar do outro, imaginando, e perguntando a si próprio o que sente, ou como sentiria se ali estivesse e entender que lutar em favor do ser humano tem um preço, mas o sentimento de bem-estar é altamente recompensador.
A consciência não constitui algo estático e imóvel mas, pelo contrário, ela está em perpétuo movimento, em mudança constante. Nossas idéias, representações, sentimentos e tendências se desenvolvem, se transformam, se dissolvem e se reconstituem incessantemente e a todo instante chegam à consciência novas impressões que enriquecem seu conteúdo, dão início a novos processos e, por sua vez, estabelecem uma interdependência com os fenômenos preexistentes.


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